Wednesday, August 08, 2007
A arte do entretenimento no Brasil
Nunca tanta gente veio fazer show no Brasil como nos últimos anos. Parece que todo mundo descobriu o enorme mercado que temos por aqui. Há uma década a gente contatava nos dedos quem tinha dado pinta pelos palcos brasileiros, mas agora toda semana tem algo pra ser visto. E não são só shows musicais. Têm espetáculos multimídia, montagens da Broadway, exposições diversas, uma verdadeira fauna cultural.
E os DJs e produtores? Se antes tínhamos que esperar pelos festivais, agora todo dia tem um grinso se apresentando. OK, o dolar está mais barato, as casas se profissionalizaram, a Internet tem ajudado muito a descobrir coisas novas e tal.
Aproveitando esse boom, eu também me aproximei desse universo. Com festinhas eletrônicas como Silver Tape e Machina nomes como Amduscia, Antipop, Neon Judgemmet e Syrian vieram se apresentar por aqui. Infelizmente nem sempre dá pra fazer algo viável, mesmo com os custos mais baixos. E o maior problema, por incrivel que pareça, é o público que continua reclamando que não tem show "bom" por aqui!
Faço uma reflexão constante sobre isso. Pra ver um produtor alemão que nunca lançou um álbum, alguns clubes superlotam. Ao contrário, pra ver um cara fundamental na cena eletrônica de Nova York, com álbuns lançados e respeito mundo afora, poucas pessoas comparecem.
O que parece é que há uma desassociação entre entretenimento e cultura. Comecei o post falando disso, que essa invasão gringa reflete num relâmpago cultural nunca antes visto mas em contraponto, as pessoas que digerem essa "cultura" parecem guiadas por vozes ditatoriais que impedem o livre arbítrio. "Disseram que isso é demais, claro que vou ver." Nunca houve tanta alternativa mas parece que esse fator anda anestesiando o público.
Excesso de informação pode ser uma via de massificação, pois perde-se a referência e o fluxo vai para um afluente que sempre desemboca naquele rio de águas mansas da mesmice.
Então, qual é a arte do entretenimento? O dilema diversão e cultura parece permanecer num questionamento eterno. A mim, cabe apenas divagar sobre e buscar as tais alternativas. Afinal, um número infinito está bem diante dos nos olhos, como nunca em nossa história.
Nunca tanta gente veio fazer show no Brasil como nos últimos anos. Parece que todo mundo descobriu o enorme mercado que temos por aqui. Há uma década a gente contatava nos dedos quem tinha dado pinta pelos palcos brasileiros, mas agora toda semana tem algo pra ser visto. E não são só shows musicais. Têm espetáculos multimídia, montagens da Broadway, exposições diversas, uma verdadeira fauna cultural.
E os DJs e produtores? Se antes tínhamos que esperar pelos festivais, agora todo dia tem um grinso se apresentando. OK, o dolar está mais barato, as casas se profissionalizaram, a Internet tem ajudado muito a descobrir coisas novas e tal.
Aproveitando esse boom, eu também me aproximei desse universo. Com festinhas eletrônicas como Silver Tape e Machina nomes como Amduscia, Antipop, Neon Judgemmet e Syrian vieram se apresentar por aqui. Infelizmente nem sempre dá pra fazer algo viável, mesmo com os custos mais baixos. E o maior problema, por incrivel que pareça, é o público que continua reclamando que não tem show "bom" por aqui!
Faço uma reflexão constante sobre isso. Pra ver um produtor alemão que nunca lançou um álbum, alguns clubes superlotam. Ao contrário, pra ver um cara fundamental na cena eletrônica de Nova York, com álbuns lançados e respeito mundo afora, poucas pessoas comparecem.
O que parece é que há uma desassociação entre entretenimento e cultura. Comecei o post falando disso, que essa invasão gringa reflete num relâmpago cultural nunca antes visto mas em contraponto, as pessoas que digerem essa "cultura" parecem guiadas por vozes ditatoriais que impedem o livre arbítrio. "Disseram que isso é demais, claro que vou ver." Nunca houve tanta alternativa mas parece que esse fator anda anestesiando o público.
Excesso de informação pode ser uma via de massificação, pois perde-se a referência e o fluxo vai para um afluente que sempre desemboca naquele rio de águas mansas da mesmice.
Então, qual é a arte do entretenimento? O dilema diversão e cultura parece permanecer num questionamento eterno. A mim, cabe apenas divagar sobre e buscar as tais alternativas. Afinal, um número infinito está bem diante dos nos olhos, como nunca em nossa história.
Monday, August 06, 2007
Zensor ganha tributo
Há 17 anos nascia o Zensor. Era um programa de rádio semanal transmitido pela 97 FM, uma rádio nova em Santo André (cidade do ABC paulista) que tocava só rock na programação. Depois de várias participações em programas da "casa", eu e o Ricardo Bola ganhamos uma hora semanalmente pra tocar novidades da emergente cena alternativa. Ambos eram DJs da "Boatinha" do Tênis Clube de Santo André, um lugar clássico na noite paulista, e era natural que novidades musicais fizessem parte de nossas vidas.
Enquanto o Bola gostava mais da parte experimental, do rock soturno e das guitarras, eu era mais voltado ao som eletrônico. O nome do programa, Zensor, não remetia a nada inicialmente. Era sonoro e achamos gravado num vinil do Sonic Youth. Mas sem perceber na hora, tinha muito a ver com o que a gente produzia: um fanzine transmitido numa rádio, sintonizando novas tendências musicais. O "Z" veio do zine, e "ensor" de sensor, objeto que capta e transmite freqüencias.
A resposta do público foi aumentando e a parte eletrônica também, o que culminou com a saída do Bola quando este criou o "Rough", totalmente voltado ao experimentalismo e guitarras de todos os tipos. Zensor ganhou a cara que virou sua marca registrada: impulsionar um cena de música eletrônica alternativa que ficava a margem até mesmo da emergente cena dançantes das pistas.
Pelo fato de cuidar de um selo de música eletrônica, a Cri Du Chat Disques, e fazer viagens constantes em busca de novidades para a minha loja de discos Muzik, o Zensor era abastecido semanalmente por muita música que não tinham veiculação no País. Não existia internet, as pessoas saiam para o clubes pra descobrir música nova, freqüentavam lojas de discos para trocar material e bater papo sobre o que estava acontecendo. Com isso, um programa de rádio com esse perfil conquistou um público fiel.
Foram 4 anos de muitas entrevistas, raridades, alguns deslizes, promoções bacanas, mudanças de planos econômicos que afetavam nossos bolsos (e dá-lhe fita cassete), mas fico feliz em saber que até hoje têm pessoas que comentam desse trabalho, sempre feito sem qualquer pretensão.
A festa que acontecerá no próximo sábado , talvez seja uma boa oportunidade de reviver um pouco isso tudo, ainda mais com o show do Simbolo.
Muitos me perguntam porque eu não falo um podcast do Zensor, já que hoje em dia seria muito fácil manter essa freqüência semanal. mas me questiono se há necessidade. Temos um rede internacional que permite que a gente tenha contato imediato com o que está acontecendo em qualquer lugar do planeta. As rede de P2P se encarregam da troca musical e excelentes rádios e comunidades online dão muito bem conta do recado. o que seria legal num podcast é a possibilidade de filtro. Isso sim é a água nesse deserto. Perceber o que é legal, dar sua visão dos fatos.
A questão é que musicalmente não estacionei com o final do Zensor. Absorvi muitas influências nessas últimas décadas e talvez aquele fiel público não perceba essas mudanças. Ter um programa para tocar o que já tocava não faz sentido, foge dos preceitos básicos que moviam o Zensor. Com certeza raridades de décadas passadas fariam parte, mas eu sempre olho pra frente. Agregar é ser inteligente e é o que me motiva a continuar ouvindo música.
Baixe os playlists com todas as músicas que tocaram no programa em
http://www.fiberonline.com.br/tmp/zensor.zip
Há 17 anos nascia o Zensor. Era um programa de rádio semanal transmitido pela 97 FM, uma rádio nova em Santo André (cidade do ABC paulista) que tocava só rock na programação. Depois de várias participações em programas da "casa", eu e o Ricardo Bola ganhamos uma hora semanalmente pra tocar novidades da emergente cena alternativa. Ambos eram DJs da "Boatinha" do Tênis Clube de Santo André, um lugar clássico na noite paulista, e era natural que novidades musicais fizessem parte de nossas vidas.
Enquanto o Bola gostava mais da parte experimental, do rock soturno e das guitarras, eu era mais voltado ao som eletrônico. O nome do programa, Zensor, não remetia a nada inicialmente. Era sonoro e achamos gravado num vinil do Sonic Youth. Mas sem perceber na hora, tinha muito a ver com o que a gente produzia: um fanzine transmitido numa rádio, sintonizando novas tendências musicais. O "Z" veio do zine, e "ensor" de sensor, objeto que capta e transmite freqüencias.
A resposta do público foi aumentando e a parte eletrônica também, o que culminou com a saída do Bola quando este criou o "Rough", totalmente voltado ao experimentalismo e guitarras de todos os tipos. Zensor ganhou a cara que virou sua marca registrada: impulsionar um cena de música eletrônica alternativa que ficava a margem até mesmo da emergente cena dançantes das pistas.
Pelo fato de cuidar de um selo de música eletrônica, a Cri Du Chat Disques, e fazer viagens constantes em busca de novidades para a minha loja de discos Muzik, o Zensor era abastecido semanalmente por muita música que não tinham veiculação no País. Não existia internet, as pessoas saiam para o clubes pra descobrir música nova, freqüentavam lojas de discos para trocar material e bater papo sobre o que estava acontecendo. Com isso, um programa de rádio com esse perfil conquistou um público fiel.
Foram 4 anos de muitas entrevistas, raridades, alguns deslizes, promoções bacanas, mudanças de planos econômicos que afetavam nossos bolsos (e dá-lhe fita cassete), mas fico feliz em saber que até hoje têm pessoas que comentam desse trabalho, sempre feito sem qualquer pretensão.
A festa que acontecerá no próximo sábado , talvez seja uma boa oportunidade de reviver um pouco isso tudo, ainda mais com o show do Simbolo.
Muitos me perguntam porque eu não falo um podcast do Zensor, já que hoje em dia seria muito fácil manter essa freqüência semanal. mas me questiono se há necessidade. Temos um rede internacional que permite que a gente tenha contato imediato com o que está acontecendo em qualquer lugar do planeta. As rede de P2P se encarregam da troca musical e excelentes rádios e comunidades online dão muito bem conta do recado. o que seria legal num podcast é a possibilidade de filtro. Isso sim é a água nesse deserto. Perceber o que é legal, dar sua visão dos fatos.
A questão é que musicalmente não estacionei com o final do Zensor. Absorvi muitas influências nessas últimas décadas e talvez aquele fiel público não perceba essas mudanças. Ter um programa para tocar o que já tocava não faz sentido, foge dos preceitos básicos que moviam o Zensor. Com certeza raridades de décadas passadas fariam parte, mas eu sempre olho pra frente. Agregar é ser inteligente e é o que me motiva a continuar ouvindo música.
Baixe os playlists com todas as músicas que tocaram no programa em
http://www.fiberonline.com.br/tmp/zensor.zip
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