Há alguns meses resolvi que estava perdendo tempo e dinheiro no trânsito de São Paulo e resolvi voltar a usar ônibus. Moro e trabalho próximo a corredores exclusivos, a poucos quarteirões vencidos por uma saudável caminhada diária. Já usava transporte coletivo, o Metrô no caso, com certa frequência porém ônibus sempre foi uma experiência traumática, seja pela lotação ou longo trajeto. Preferia em muitos casos encarar jornadas a pé a ter que pegar um.
Nunca gostei de dirigir, tirei carta obrigado pelo meu pai e dá pra contar nos dedos quantas vezes peguei um carro para me locomover. Apesar de toda liberdade que ele proporciona, manter um pra usar pouco e lutar pra colocá-lo na rua nesse trânsito caótico de São Paulo me afastam cada vez. Táxi era a minha opção mas o trânsito da cidade deixou essa opção só para ocasiões especiais.
As vantagens de usar um ônibus em São Paulo é o ganho de tempo em certos trajetos e o preço, que apesar de alto para transporte público, é muito mais baixo do que qualquer outra opção. Há ônibus modernos, triarticulados, que, em tese, poderiam transportar com conforto muitos passageiros. Sabemos que conforto não é o objetivo principal, no entanto merece uma atenção especial principalmente quanto a forma que é conduzido. Em toda experiência que venho tendo com ônibus, a principal negativa é como os motoristas transformam em tormento completo uma simples viagem por um corredor exclusivo. Freadas que jogam as pessoas, mesmo sentadas, umas contras as outras. Parecem que não percebem que o que transportam são pessoas como ele, como a família que eles têm em casa. Alegam estresse, baixos salários. Eu afirmo que isso é fruto de desrespeito generalizado. Nada justifica um motorista não parar para pegar um idoso, uma deficiente ou até mesmo pessoas que estão, assim como ele, querendo chegar em casa em paz. Educação. Isso é o que falta.
Notei nesse retorno aos coletivos que esse desrespeito vai além do motorista. Antes mesmo de entrar no ônibus, a experiência já é ruim na espera. Estou falando de corredores que, em tese, não representam o que a população enfrenta na maioria das vias de São Paulo. Deveria ser bem acima da média. As novas paradas resumem como o governo lida com o transporte coletivo. Dada a brecha na lei que morrerá em breve, os anúncios tomaram contam desses pontos e as informações sobre as linhas, informações imprescindíveis como trajetos ou mapas da redondeza, foram suprimidas para acomodar sorrisos falsos que vendem creme dental e empresas de crédito fácil. Se chover, tenha certeza que a cobertura não aliviará em nada, menos ainda se o sol estiver a pino. Esses pontos são belas estratégias de marketing. Zero funcional.
Acho "lindo" quando o governo pede pra deixar o carro em casa e pegar um ônibus. Como a maioria da população não tem horário flexível como eu, que permite encarar trajetos fora do horário de pico, ainda está muito longe disso virar realidade.
Apoio totalmente a iniciativa, porém lamento que tenha sido feita de uma maneira abrupta e com aparente falta de planejamento. Cabe aos governantes continuar investindo no transporte de massa e a nós de fiscalizarmos não aceitando tudo que é imposto.