Tristeza
Viagem é feita para descobrirmos coisas novas, hábitos dos moradores, lesar muito, descansar, encher a cara em algumas noites mas não combina com tristeza. Aliás, é um sentimento proibido quando se está bem acompanhado, num lugar bacana e se divertindo muito.
Foram apenas dez minutos. Tempo de entrar, sentir uma atmosfera densa porém totalmente asséptica pela falta da presença de humanos. Espalhados pelos arredores daquela enorme sala, milhares de corpos metálicos esperando por um mínimo de atenção. Um rapaz entra e rapidamente percebe que cometeu um engano. Não era o que procurava. Novamente a sala fica vazia. Apenas uma pessoa responsável por manter tudo em ordem permanece. Posso dizer até que estava de mãos atadas, pois nada pode fazer.
É assim foi minha sensação ao entrar no que já foi uma das melhores lojas de CDs de Barcelona. Há menos de quatro anos, gastava ao menos três horas em cada uma das lojas que costumava visitar nas viagens pela Europa. Sempre encontrava muitos discos e DVDs. Hoje foi uma experiência péssima. Nada me motivava a gastar vinte euros naquela compilação bizarra de hits espanhóis dos anos 80. "Acho na Internet", pensei. Saldo da viagem: dois DVDs e um box limitado com 10 CDs.
Senti pela primeira vez como o mercado está em mutação. Claro que acompanho tudo o que ocorre no seguimento, que as vendas de discos caem todos os anos, que as pessoas começaram a baixar e até pagar por isso mas ainda não tinha conseguído entender como isso afetaria esses pólos de troca de informação chamados simplesmente de lojas de discos. Aqueles encontros semanais para bater papo com amigos distantes, as indicações do vendedor, as novidades espalhadas nas prateleiras... Sim, deu saudade. Justo eu, uma pessoa totalmente a favor da tecnologia, que entende a troca constante de plataformas e tal.
Me senti fragilizado e muito triste. A música sempre vai existir, mas como vamos interagir com ela, isso ainda está sendo escrito. Engraçado, antigamente bastava dar o "play", não?
Thursday, September 20, 2007
Tuesday, September 18, 2007
Trash 80's, a versão catalã
Em 2005, um frequentador da festa que se mudou para Barcelona propôs uma edição da Trash 80's em terras catalãs. De uma maneira improvisada, mas feita com muito carinho, a festa rolou num bar bacana e atraiu muita gente, Depois de um hiato de dois anos, voltou-se a cogitar a realização da festa. Desta vez o lugar seria maior e contaria com uma equipe de produção.
Quando fiquei sabendo que poderia realmente acontecer, não pensei duas vezes: queria participar. Havia dois anos que não tirava férias e, workaholic como sou, nada melhor do que uma viagem que fosse um híbrido de diversão e trabalho.
O maior temor pra mim era a possível reação do público. Apesar de contar com muitos brasileiros, imaginei que nem todos fossem entender a proposta de festa.
Cheguei em Barcelona e não vi nenhum cartaz ou flyer espalhados nos "points". Fiquei um tanto temeroso, mas mesmo assim confiei na turma local, pois sei que a Trash existe em boa parte pelo boca-à-boca.
Encontrei os trashers de Barcelona, Gus e seus amigos, e todos superanimados e numa grande expectativa. Duas horas de espera para o bar abrir, pra que pudéssemos montar setup de som e decor, surge a primeira boa surpresa, O lugar é lindo, dois ambientes bem definidos, sendo um com bar, pista, camarotes e palquinho (sim, aqui também tem um), enquanto o lounge (atendendo minhas preces) é área reservada para fumantes. Sim, aqui ninguém fuma na pista de dança. Bom, até certo momento....
Dividimos o som em três horários: Giacomo abrindo, Eu no meio da noite, Henri fechando. OK, tudo certo vamos começar a festa. Bem, não foi assim... O equipamento de som ficou muito a desejar. Antigos CDJs Denon que não lêem todo tipo de mídia já me assustou. O técnico de som, apesar de muito solicito, não sabia como funcionava o Serato Scratch Live (eu só levei esse equipamento e o note). Arregacei as mangas, montei, testei, tudo certo. Agora sim, vamos começar.
Giacomo abrindo, como planejado, optou por uma mescla 80's de pop e alternativo que nunca fizemos na Trash, afinal é uma festa que propõe o lado divertido dos anos 80 e não o sério. Mesmo assim, cumpriu bem sua parte.
Na hora que comecei a tocar, problemas técnicos surgiram. O Serato nåo rolava bem. A casa, a esta altura, já estava lotada e o som abria o bico. Algumas músicas depois, os CDs do Serato não conseguem mais ser lidos pelo Denon. Bate o pânico. Pedi pro Gus levar o case dele, em caso de emergência, o que realmente aconteceu, e o Denon mostra as garras novamente. Nem todas as mídias conseguem ser lidas e pra me apavorar mais, case é algo muito individual. No caso do Gus, muitos CDs não tinham os nomes escritos! Bom, consegui contornar e encerrar o set sem que ninguém percebesse o caos.
Henri entrou na sequencia com um progressive house. Apesar de constar no flyer que iria tocar isso, muita gente reclamou dizendo que era uma festa 80's. Depois de muito ouvir, volto ao som e ponho a pista pra ferver com hits clássicos da Trash, como Paquitas, Balão Mágico, Grafite, Magal e os internacionais, Madonna, Culture Club, etc.
Pra minha surpresa o sistema de som frontal é desligado, ficando apenas minha caixa de retorno servindo de som ambiente até o término da noite. O motivo: segundo o dono do Café Noir, as festas ali terminam por volta de 3h e já eram quase 4h! Bom, aquela história que a noite não tem hora pra terminar aqui em Barcelona não se confirmou.
Independente disso, a festa foi ótima, as pessoas gostaram (pelo menos os feedbacks têm sido positivos) e esperamos que nas próximas acertaremos as pequenas falhas dessa ediçã0.
O que mais me agradou foi que o espírito de festa de amigos esteve vivo durante toda a noite. Fato que comprova a diversão garantida mesmo cruzando o Atlântico.
Em 2005, um frequentador da festa que se mudou para Barcelona propôs uma edição da Trash 80's em terras catalãs. De uma maneira improvisada, mas feita com muito carinho, a festa rolou num bar bacana e atraiu muita gente, Depois de um hiato de dois anos, voltou-se a cogitar a realização da festa. Desta vez o lugar seria maior e contaria com uma equipe de produção.
Quando fiquei sabendo que poderia realmente acontecer, não pensei duas vezes: queria participar. Havia dois anos que não tirava férias e, workaholic como sou, nada melhor do que uma viagem que fosse um híbrido de diversão e trabalho.
O maior temor pra mim era a possível reação do público. Apesar de contar com muitos brasileiros, imaginei que nem todos fossem entender a proposta de festa.
Cheguei em Barcelona e não vi nenhum cartaz ou flyer espalhados nos "points". Fiquei um tanto temeroso, mas mesmo assim confiei na turma local, pois sei que a Trash existe em boa parte pelo boca-à-boca.
Encontrei os trashers de Barcelona, Gus e seus amigos, e todos superanimados e numa grande expectativa. Duas horas de espera para o bar abrir, pra que pudéssemos montar setup de som e decor, surge a primeira boa surpresa, O lugar é lindo, dois ambientes bem definidos, sendo um com bar, pista, camarotes e palquinho (sim, aqui também tem um), enquanto o lounge (atendendo minhas preces) é área reservada para fumantes. Sim, aqui ninguém fuma na pista de dança. Bom, até certo momento....
Dividimos o som em três horários: Giacomo abrindo, Eu no meio da noite, Henri fechando. OK, tudo certo vamos começar a festa. Bem, não foi assim... O equipamento de som ficou muito a desejar. Antigos CDJs Denon que não lêem todo tipo de mídia já me assustou. O técnico de som, apesar de muito solicito, não sabia como funcionava o Serato Scratch Live (eu só levei esse equipamento e o note). Arregacei as mangas, montei, testei, tudo certo. Agora sim, vamos começar.
Giacomo abrindo, como planejado, optou por uma mescla 80's de pop e alternativo que nunca fizemos na Trash, afinal é uma festa que propõe o lado divertido dos anos 80 e não o sério. Mesmo assim, cumpriu bem sua parte.
Na hora que comecei a tocar, problemas técnicos surgiram. O Serato nåo rolava bem. A casa, a esta altura, já estava lotada e o som abria o bico. Algumas músicas depois, os CDs do Serato não conseguem mais ser lidos pelo Denon. Bate o pânico. Pedi pro Gus levar o case dele, em caso de emergência, o que realmente aconteceu, e o Denon mostra as garras novamente. Nem todas as mídias conseguem ser lidas e pra me apavorar mais, case é algo muito individual. No caso do Gus, muitos CDs não tinham os nomes escritos! Bom, consegui contornar e encerrar o set sem que ninguém percebesse o caos.
Henri entrou na sequencia com um progressive house. Apesar de constar no flyer que iria tocar isso, muita gente reclamou dizendo que era uma festa 80's. Depois de muito ouvir, volto ao som e ponho a pista pra ferver com hits clássicos da Trash, como Paquitas, Balão Mágico, Grafite, Magal e os internacionais, Madonna, Culture Club, etc.
Pra minha surpresa o sistema de som frontal é desligado, ficando apenas minha caixa de retorno servindo de som ambiente até o término da noite. O motivo: segundo o dono do Café Noir, as festas ali terminam por volta de 3h e já eram quase 4h! Bom, aquela história que a noite não tem hora pra terminar aqui em Barcelona não se confirmou.
Independente disso, a festa foi ótima, as pessoas gostaram (pelo menos os feedbacks têm sido positivos) e esperamos que nas próximas acertaremos as pequenas falhas dessa ediçã0.
O que mais me agradou foi que o espírito de festa de amigos esteve vivo durante toda a noite. Fato que comprova a diversão garantida mesmo cruzando o Atlântico.
Monday, September 17, 2007
Barcelona
É a terceira vez que venho à capital catalã. A primeira a ficar mais do que cinco dias. Das outras vezes, foi um misto de trabalho e lazer com tempo espremido, que não permitia explorar a cidade como normalmente gosto de fazer.
Não que o trabalho ficasse de fora nesta. Um dos motivos foi realizar uma edição da Trash 80's por aqui. Comento isso noutro tópico. Agora posso passar mais quase duas semanas na regiåo e conhecer o dia-a-dia catalão.
Já de cara quebro um dos mitos: que a diversão em Barcelona não tem hora pra acabar. Como nas outras vezes fiquei perto das Ramblas, sempre tinha um ou outro lugar pra comer mas mesmo assim fechava cedo. O que se confirma agora. Estou no bairro conhecido com Born, uma área de La Ciutat Vella que vem sendo redesenhada e promete ser um dos bairros mais legais pra se viver em Barcelona - pra quem gosta de buxixo. O problema pra os novos moradores tem sido a presença das colônias de imigrantes que se espalham pelos cortiços fincados em casa seculares que, agora, se sentem ameaçados com a possibilidade de expulsão do bairro. Típico conflito social até em São Paulo vivenciamos.
A vantagem de morar por aqui é a proximidade de tudo, o ritmo de vida, parques maravilhosos por perto. A desvantagem, um pouco de barulho e muita muvuca turística, apesar de não estar no Barri Gotic.
Agora vou sair, explorar La Ciutadella.
É a terceira vez que venho à capital catalã. A primeira a ficar mais do que cinco dias. Das outras vezes, foi um misto de trabalho e lazer com tempo espremido, que não permitia explorar a cidade como normalmente gosto de fazer.
Não que o trabalho ficasse de fora nesta. Um dos motivos foi realizar uma edição da Trash 80's por aqui. Comento isso noutro tópico. Agora posso passar mais quase duas semanas na regiåo e conhecer o dia-a-dia catalão.
Já de cara quebro um dos mitos: que a diversão em Barcelona não tem hora pra acabar. Como nas outras vezes fiquei perto das Ramblas, sempre tinha um ou outro lugar pra comer mas mesmo assim fechava cedo. O que se confirma agora. Estou no bairro conhecido com Born, uma área de La Ciutat Vella que vem sendo redesenhada e promete ser um dos bairros mais legais pra se viver em Barcelona - pra quem gosta de buxixo. O problema pra os novos moradores tem sido a presença das colônias de imigrantes que se espalham pelos cortiços fincados em casa seculares que, agora, se sentem ameaçados com a possibilidade de expulsão do bairro. Típico conflito social até em São Paulo vivenciamos.
A vantagem de morar por aqui é a proximidade de tudo, o ritmo de vida, parques maravilhosos por perto. A desvantagem, um pouco de barulho e muita muvuca turística, apesar de não estar no Barri Gotic.
Agora vou sair, explorar La Ciutadella.
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