Divagação sobre conexões
Numa lista de conexões possíveis, reparei o quanto é complicado o jogo das probabilidades. Hoje tenho 40 anos. Pra mim nada mudou, continuo a ouvir música, trabalhar e tentar levar uma vida bacana. Antes dessa tal de internet, pessoas com o mesmo gosto musical que eu se aglutinavam freqüentando lojas de discos, ouvindo rádio, indo a festas e clubes, lendo revistas. A possibilidade de encontrar alguém interessante estava atrelado ao convívio social.
Hoje tenho centenas de amigos no orkut, outras dezenas no LastFM ou no Myspace, fora a turma do MSN (muitos migraram do ICQ), a gangue dos anônimos "daquelas" comunidades mais, diremos, pessoais... Somam-se, ainda, milhares de pessoas que têm algo em comum. O jogo de possibilidades se amplificou e até tornou o relacionamento direto uma utopia.
Se por um lado consigo o que eu quiser com um clique, já não posso dizer o mesmo de um saudável bate-papo (virtual mesmo) no qual a diversão seria a troca de conhecimento entre duas ou mais pessoas. Na era pós-Google, todas as respostas estão disponíveis. Parece que tudo se tornou previsível.
Mas o que isso afeta o meu dia-a-dia? Com certeza a possibilidade de algo se tornar apto a ser descoberto sem que as informações sejam tão precisas. Se antes a subjetividade e, porque não dizer, o "chutômetro", abriam possibilidades de escorregões homéricos ou mesmo a construção de um ícone que nem existia, hoje o conto de fadas cai na primeira busca.
Será que busco um romantismo perdido? Eu, que sempre fui adepto ao novo, à informação imediata?
O dilema de possibilidades me intiga mais do que a quantidade de informação absorvida em casa segundo.
Experimentar sempre, mesmo quando o que parece incerto, tem a resposta na ponta dos dedos. Em questão de microssegundos.
1 comment:
Eu já me peguei pensando sobre isso também. Sobre as lendas que não mais conseguem se formar e perdurar.
No entanto, eu acho que a publicidade do Estadão, inclusive, aproveitou um gancho bem interessante sobre o nosso Googleismo. Não basta apenas buscar e ler e acreditar naquilo. A primeira pergunta a se fazer é "a fonte é segura?".
Mas eu acho que ainda existe um espaço para o nosso romantismo tolo de achismos, sim. Ainda que toda e qualquer teoria possa vir a desmoronar após o primeiro clique em "estou com sorte".
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