Sunday, November 15, 2009

A partir de agora, passo a republicar textos que publiquei em alguns sites. Abaixo segue o da minha coluna no Guia da Semana

Dublê de DJ
Rostos famosos usam a tecnologia como muleta e passam a discotecar mundo afora. Eneas Neto, DJ da noite paulistana, disserta sobre a legitimidade da função
Por Eneas Neto


Nas últimas semanas, muito se falou sobre o fato de Jesus Luz, o namorado da Madonna, ter "virado" DJ com uma técnica não muito ortodoxa. Em um festival no Nordeste do Brasil, ele teria, segundo um outro DJ, feito sua apresentação com CDs previamente mixados ou mesmo, de acordo com outras fontes, contado com ajuda de uma outra pessoa que, escondida atrás de uma mesa, realizava as passagens entre as músicas.

O fato é que milhares de pessoas que estavam lá queriam dançar.A maioria para conferir os dotes mais que perfeitos (não necessariamente técnicos) do rapaz. Segundo quem realizou e contratou Jesus Luz para o evento, tudo foi um sucesso e pouco importa a "técnica" utilizada, pois a galera aprovou dançando e gritando. Já DJs profissionais chiaram com diversos manifestos, abominando o que consideram um mero culto à celebridade.

Do ponto de vista de entretenimento, já cansamos de ver playbacks mais divertidos do que shows de artistas de "talento" que não conseguem parar em pé. Se a ideia é divertir, o público-alvo é quem manda. Muita gente nem sabe se um DJ mixa bem ou não, até se realmente tem voz ou se é fruto de produtores de estúdio. Ficar perto do famoso é o que importa hoje em dia?

Existe, sim, uma tendência a desejar o fácil e o acessível. Aliás, sempre houve. Dos artistas fabricados por gravadoras em décadas passadas a atores que se aventuravam em áreas que necessariamente não eram as deles, sempre houve tentativa de se criarem fórmulas infalíveis de sucesso. Não é de hoje que DJ não precisa ter técnica para comandar uma noite. A popularização da tecnologia permitiu, há pouco tempo, as festas de iPods, nas quais algumas pessoas simplesmente levavam lista pré-gravadas para tocar na pista de dança. Os formadores de opinião achavam o máximo. Qual a diferença em convidar alguém para "atacar de DJ", mesmo não sabendo nada além de selecionar músicas de que gosta e apertar o botão "play" ao lado de um técnico?

Não defendo o falso, o antiético ou a falta de profissionalismo. Só acho que exageram em cremar pessoas por se aventurarem na noite com o objetivo de entreter um grupo que já sabe o que vai encontrar, diferentemente de pagar ingresso para ver "aquele francês" inacessível e com técnica primorosa. Sou a favor da liberdade de escolha e pela pluraridade. Há mercado pra todo mundo.

1 comment:

Unknown said...

Como vc mesmo mencionou, o publico em geral nao sabe diferenciar um "bom" DJ de um DJ com anos e anos de estrada e um show man. Mas um coisa eh certa: Uma pessoa carismatica que manje de musica, vale mais que um DJ com muita tecnica mas chatonildo. Cada local, cada dia tem energia e pessoas diferenciadas. O bom DJ na minha opiniao eh aquele que consegue na mesma noite bombar a pista ou seja sentir quando e como eh hora de mudar o bpm.